Edição: 287

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/10/11

Projeto “100% In®” fez balanço positivo e abordou desafios e oportunidades

Pedidos de estatuto de estudantes com necessidades específicas no Politécnico de Leiria aumentam 60% em 3 anos

Carolina Henriques,Carlos Rabadão e Pedro Gonçalves

O “100% In®” – Projeto de Inovação Social para a Inclusão Integral de Estudantes com Necessidades Específicas contribuiu para um aumento em 60,7% do número de pedidos de estatuto por parte de estudantes com necessidades específicas (ENE) do Politécnico de Leiria, entre o ano letivo 2019-2020 e o ano letivo 2021-2022. De acordo com Ana Oliveira, COO da Logframe, empresa responsável pela avaliação do projeto “100% in®”, «estes dados demonstram que não há vergonha em pedir o estatuto», e que «é identificada, por parte dos estudantes, uma vantagem associada ao estatuto».

Os dados preliminares foram apresentados esta segunda-feira, dia 28 de novembro, no âmbito da conferência “Diversidade no Ensino Superior: Inovação, Inclusão e Acessibilidade”, que permitiu fazer um balanço do projeto, abordando os seus desafios e oportunidades para o futuro.

Os dados preliminares do estudo apresentado mostram que o número de ENE integrados no “100% in®” do Politécnico de Leiria evoluiu de 44 no ano letivo de 2019-2020 para 96 em 2020-2021 até aos 111 registados no ano letivo 2021-2022. De acordo com o mesmo estudo, 47% dos ENE inquiridos admitem que o projeto “100% in®” contribuiu “muito” ou “totalmente” para a sua integração, uma perceção que é partilhada por 82% dos coordenadores dos cursos do Politécnico de Leiria inquiridos.

No ano letivo 2020-2021, 52,7% dos ENE referiam sentir-se bastante integrados na instituição de ensino superior, uma percentagem em linha com os 50% registados no ano letivo 2021-2022.

O estudo apresentado recorreu a questionários, entrevistas e focus groups realizados junto dos ENE do Politécnico de Leiria, de coordenadores dos cursos e de outros intervenientes no projeto, que abordaram aspetos como a integração dos ENE ao longo do seu curso, as suas perspetivas de conclusão do ciclo de estudos e integração profissional, assim como o sentimento de bem-estar durante o percurso académico.

«A universidade é o lugar do conhecimento, sendo a sua competência a produção científica, mas deve ser também o lugar da pluralidade, da diversidade e do respeito pela diferença. O “100% in®” é, efetivamente, um projeto com grande impacto na nossa instituição, é uma marca do Politécnico de Leiria. É uma marca que vai continuar e vai ficar connosco para sempre, porque é um projeto que trouxe grandes benefícios e em que o centro foi o estudante», salientou Carolina Henriques, pró-presidente do Politécnico de Leiria, na sua intervenção.

«Acredito que tão ou mais importante que o conhecimento científico é o propósito de uma vida solidária. Sermos capazes de nos formarmos a nós docentes e técnicos para um projeto de vida solidária onde envolvemos os nossos estudantes é também trabalhar o futuro», defendeu Carolina Henriques, antecipando que «o futuro é hoje, quando vemos gestores de caso, serviços académicos e serviços de ação social, todos os intervenientes neste projeto a quererem continuar estas boas práticas».

Segundo os ENE contactados, o acompanhamento dos gestores de caso, o apoio dos professores e coordenadores dos cursos, assim como o acolhimento dos colegas são apontados como os fatores que mais contribuíram para a sua integração. De acordo com dados de 2021 e 2022, 30% dos coordenadores de curso considera que tem bastante conhecimento ou conhece totalmente as medidas do Politécnico de Leiria para a integração de ENE, sendo que as mais conhecidas por estudantes e coordenadores de curso são: “Gestor de caso” e o “Cartão de crédito de horas” e a menos conhecida por ambos os grupos são os “Estágios adequados e/ou adaptados”.

Ainda neste campo, cerca de 42% dos estudantes e cerca de 32% dos coordenadores de curso consideram as medidas disponibilizadas “adequadas” e cerca de 35% dos estudantes e 40% dos coordenadores considera ”muito” ou “totalmente” adequadas (dados de 2021 e 2022).

No que respeita ao índice de autonomia no seio da instituição de ensino superior, o estudo indica que 50% dos ENE consideram conseguir aceder aos recursos do Politécnico de Leiria de forma autónoma, embora o acesso a auditórios e serviços administrativos sejam avaliados de forma menos positiva. Em média, 43,6% dos ENE inquiridos em 2021, e 38,5% dos ENE consultados em 2022, avalia o seu sentimento de bem-estar enquanto estudante do Politécnico como “médio”.

Também de acordo com dados de 2021 e 2022, 50% dos estudantes está “satisfeito” relativamente à divulgação dos recursos disponíveis para ENE, com destaque para os esclarecimentos prestados nos serviços como o SAPE – Serviço de Apoio ao Estudante ou SAS – Serviços de Ação Social e para os contactos de e-mail.

A maioria dos ENE está “muito” ou “completamente” satisfeita com o acompanhamento por parte dos gestores de caso (76,4% em 2021; 68,8% em 2022), considerados pelos coordenadores de curso auscultados como «fundamentais pela ligação com os professores e por representarem uma figura de suporte essencial para estes estudantes» além dos ENE inquiridos identificarem da parte dos gestores a «preocupação recorrente em saber como nos estamos a integrar». Por outro lado, os ENE identificam como pontos negativos o preconceito por parte de outros colegas, assim como a dificuldade de integração com os colegas da turma.

Quanto ao futuro, a maioria dos ENE (78,2% em 2021; 75% em 2022) perspetiva a conclusão do seu curso como “muito” ou “totalmente” provável, e como “muito” ou “totalmente” provável a sua integração profissional após a conclusão do curso (63,6% em 2021; 53,1% em 2022). O número de ENE que concluíram o curso manteve-se estável ao longo dos três anos letivos, destacando-se o facto de a maioria terminar na duração prevista do curso.

No que respeita a conclusões e recomendações, embora o projeto “100% in®” apresente uma abordagem centrada nos ENE, é necessário um reforço no envolvimento de todos apostando em medidas concretas de sensibilização de toda a comunidade académica. Embora os ENE perspetivem de forma positiva a sua integração profissional, importa reforçar estratégias de transição para o mundo do trabalho, apostando numa rede de “emprego protegido”. Por fim, recomenda-se o alargamento do projeto a montante, de forma a que possa ser replicado no ensino secundário.

Em jeito de conclusão, Carolina Henriques destacou que «o ensino superior desempenha um importante papel no desenvolvimento das sociedades», assegurando que «também o Politécnico de Leiria desempenha, desempenhou e vai continuar a desempenhar este importante papel na nossa sociedade, bem como na liderança dos processos de transformação».

A pró-presidente partilhou ainda a sua convicção de que as instituições de ensino superior são «como um coro, onde somos capazes de atuar juntos, em que temos problemas complexos e face a esses problemas desenvolvemos intervenções complexas. E o “100% in®” insere-se no quadro das intervenções complexas. Neste coro, todos são bem-vindos e precisamos de todo o tipo de vozes, porque é no respeito pela diferença que encontramos a harmonia de um conjunto de vozes a cantar».

     Fonte: Midlandcom

Comentários:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Ainda não há comentários nenhuns.