Edição: 287

Diretor: Mário Lopes

Data: 2024/10/18

Movimento Arméria contesta a construção da central das Cesaredas

Concelho de Peniche vai ter duas centrais solares em Serra D’El-Rei e Atouguia da Baleia

Painéis solares

Recentemente foram apresentados dois projetos de centrais fotovoltaicas para o concelho de Peniche. O primeiro com potência de 17,9MW e localização na freguesia de Serra D’El-Rei, no Planalto das Cesaredas, ocupando uma área de 36 hectares, e contemplando aproximadamente 28 mil módulos fotovoltaicos e uma produção de 26GW/h por ano, que esteve em consulta pública, no início de 2023.

Um segundo, com potência de 8MW, localizado na freguesia de Atouguia da Baleia, junto a Porto de Lobos, numa área de 13 hectares com cerca de 18 mil módulos fotovoltaicos que vão produzir 16 GW/h por ano, o equivalente ao consumo de quase oito mil habitações.

Segundo a Arméria – Movimento Ambientalista de Peniche, são projetos diferenciados nos seus impactos. “A central das Cesaredas representa claramente uma ameaça ao sensível e valioso património natural e cultural do planalto, tendo tido a Arméria a oportunidade de se manifestar em oposição. Quanto à central em Atouguia da Baleia, as questões ambientais serão menos relevantes, mas colocam-se dúvidas no que concerne à localização e enquadramento paisagístico”, defende.

A Arméria reconhece a extrema importância das energias renováveis e do combate às alterações climáticas, no entanto, considera que qualquer projeto de construção de uma central fotovoltaica terá obrigatoriamente de passar por um processo devidamente esclarecedor e transparente.

A associação ambientalista nota que, em devido tempo, a Arméria tentou promover a discussão em torno do primeiro projeto, mas o respetivo promotor não se disponibilizou para o efeito. Em alternativa a Arméria promoveu o debate com o Prof. Dr. Francisco Ferreira, da associação Zero, onde foi abordado o “estado da arte” dos vários tipos de energia sustentável e quais os prováveis desenvolvimentos futuros visando a independência dos combustíveis fósseis. Foi também encarada a questão da pressão e dos danos cada vez mais notórios que alguns desses projetos começam a incutir no património e paisagens naturais e mesmo em algumas atividades económicas, e como encontrar o necessário equilíbrio.

O ideal, segundo a Arméria, seria que a autarquia definisse previamente os locais do concelho passíveis de construção deste tipo de estruturas e as áreas a alocar, através de um processo de discussão pública, de forma a evitar a sobrecarga num território de área reduzida. Também as contrapartidas normalmente associadas a este tipo de investimentos deverão ser do conhecimento público, nomeadamente nos benefícios que aportam aos habitantes do concelho.

O Movimento Ambientalista de Peniche manifesta a convicção que uma discussão mais aprofundada e envolvente deste tema permitiria encontrar zonas no concelho em que as perdas ambientais e paisagísticas poderiam ser compensadas pelos ganhos em sustentabilidade.

Fonte: Arméria

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