Primeiro ensaio de cozedura de Porcelana com Hidrogénio foi feito no CTCV
Indústrias da cerâmica e do vidro da região ponderam adotar a tecnologia do hidrogénio
2024-11-20 19:46:47
O Centro Empresarial da Marinha Grande recebeu esta quarta-feira, 20 de novembro, o workshop “Desafios à Utilização do Hidrogénio”, numa organização do ISQ, com o apoio do Município, que reuniu cerca de 80 profissionais para discutir os obstáculos e soluções na implementação do hidrogénio como vetor energético.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, destacou as “potencialidades tecnológicas e económicas do concelho, que é um dinâmico pólo industrial”, e referiu a “exigência de incrementar os níveis de descarbonização, que traz novas exigências e investimentos às empresas, sobretudo às vidreiras, para as quais é necessária a existência de parceiros que apresentem soluções viáveis e competitivas”.
Aurélio Ferreira salientou que “o forte sentimento empreendedor que nos caracteriza, mantém-nos num lugar cimeiro entre os mais importantes centros empresariais em Portugal, com indústrias que continuam a garantir qualidade de excelência e a apostar constantemente na requalificação de instalações e equipamentos e na formação dos seus trabalhadores, sendo um exemplo a nível nacional e internacional”.
O administrador do ISQ, José Figueira, lembrou que este evento marcou o início de um ciclo de Encontros com a Indústria, focado na análise de casos de implementação de tecnologias emergentes, para analisar a forma como alguns dos representantes das indústrias da cerâmica e do vidro estão a abordar a integração da tecnologia do hidrogénio, razão pela qual foi escolhida a Marinha Grande para local de realização do workshop.
José Figueira acrescentou que a transição para o hidrogénio traz consigo desafios técnicos e económicos significativos, entre os quais a necessidade de adaptação de infraestruturas, redes de distribuição de gás e equipamentos de combustão, como fornos e sistemas de combustão.
Primeiro ensaio de cozedura de Porcelana com Hidrogénio em Portugal é realizado no CTCV
O Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) realizou a primeira cozedura de produtos de porcelana utilizando blends de Hidrogénio e gás natural (50:50), um marco importante para a redução da pegada carbónica da indústria cerâmica.
Os ensaios decorreram no Laboratório Hipocarbónico do CTCV, numa área de investigação dedicada ao desenvolvimento de soluções sustentáveis para processos industriais. Foram realizados no âmbito da Agenda Mobilizadora Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal (ECP), uma iniciativa estratégica que visa promover a sustentabilidade e a competitividade da indústria cerâmica e cristalaria nacional.
Os estudos sobre os materiais de porcelana são efetuados em parceria com a Vista Alegre, e com o apoio da INDUZIR e da PRF e demonstram o compromisso do setor em adotar tecnologias mais limpas e eficientes. Estes estudos têm como objetivo explorar fontes de energia alternativas e descarbonizadas como a combinação de Hidrogénio e gás natural, por forma a permitir uma substancial redução das emissões de carbono, sem comprometer as qualidades técnicas e estéticas da porcelana.
A cozedura foi realizada com sucesso, superando desafios técnicos como os relacionados com a necessidade de geração de uma atmosfera redutora dentro do forno a altas temperaturas. O resultado garante que a porcelana mantém as suas propriedades de resistência, durabilidade e a brancura que a caracteriza, alinhando-se com as exigências do mercado e as normas de qualidade do mercado.
Este resultado é de grande importância para o setor, demonstrando a viabilidade da utilização de Hidrogénio como combustível na produção de porcelana, sem comprometer a sua brancura, uma das características técnicas mais valorizadas neste tipo de produto.
A continuidade desta linha de investigação permitirá à indústria cerâmica progredir no seu processo de descarbonização, ajudando a alcançar os objetivos globais de redução de emissões e facilitando a transição para uma economia de baixo carbono.
Fonte: GCI|CMMG e CCV
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