Com exposição e concerto de Luísa Amaro, Gonçalo Lopes e Mafalda Lemos
Banda sonora do filme “Os verdes anos” composta por Carlos Paredes evocada em Tomar
2024-11-23 01:13:27
O dia 16 de novembro foi marcado em Tomar por uma evocação de dois momentos simbólicos da arte portuguesa de meados do século XX, disruptivos com a estética nacional da época e interligados entre si: o filme “Os verdes anos”, de 1963, realizado por Paulo Rocha, e a respetiva banda sonora, composta por Carlos Paredes, e de que a canção com o mesmo nome se tornou um ícone.
Em Tomar, começou por ser feita a abertura da exposição “A cidade como décor, 2017, after “Os Verdes Anos” – Paulo Rocha 1963″, de António Delicado, constituída por fotografias atuais, analógicas e a preto e branco, de locais que surgem no filme, em que a cidade de Lisboa, na sua vertente arquitetónica contemporânea da época, é presença regular. Curiosamente, com uma ligação forte a Tomar, pois trata-se das zonas das avenidas novas, Av. dos Estados Unidos da América ou bairro de Alvalade, em grande parte urbanizadas por construtores oriundos do concelho, como notaram o autor e o vereador Hélder Henriques.
À noite, houve lugar para a música, com o concerto de Luísa Amaro, acompanhada pelo clarinete-baixo de Gonçalo Lopes e a guitarra de Mafalda Lemos. Discípula de Carlos Paredes, e sua companheira, Luísa Amaro é hoje ela própria uma referência da guitarra portuguesa (instrumento durante muito tempo visto como exclusivamente masculino), mas parte significativa do seu repertório pretende continuar a trazer para o palco a música do virtuoso que compôs e tocou algumas das mais belas canções instrumentais portuguesas.
Por entre apontamentos bem-humorados referentes à vida de estrada do mestre, e excelentes momentos melódicos, Tomar ficou ainda a conhecer o futuro deste instrumento em mãos femininas: fixem o nome de Mafalda Lemos, porque ela, nascida já no século XXI, vai ser uma das referências das próximas décadas.
Um dia em que Tomar, tal como o Portugal dos anos 1960, teve a honra de conviver com os melhores (entre estes dois momentos, acrescente-se, evocou-se no NAC o legado de José-Augusto França) e de que “Os verdes anos” é a banda sonora perfeita.
Fonte: GC|CMT
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